O que é GDPR e qual a relação com a LGPD?

cadeado de metal e cartas do GDPR no laptop no escritório

Quase que diariamente recebemos notícias sobre vazamentos de dados. Nesses casos, as informações pessoais são usadas para aplicação de golpes, vendidas para grandes empresas e utilizadas para direcionar campanhas. Afinal, por meio dos dados, é possível entender quem é um indivíduo e qual é o seu perfil comportamental, tanto em meio físico quanto virtual.

Para conter esses abusos e impor às empresas maior responsabilidade na coleta e armazenamento dos dados dos clientes, a LGPD — Lei Geral de Proteção de Dados foi sancionada em 2018. O que pouca gente sabe é que seus princípios e artigos foram baseados na GDPR, norma protetiva que já estava em vigor na Europa.

Quer entender melhor o que é a GDPR e como ela se relaciona com a LGPD? Aproveite a leitura e saiba mais!

O que é GDPR?

GDPR é a sigla para General Data Protection Regulation (ou Regulamento Geral sobre Proteção de Dados, em português). A norma europeia é fruto de uma discussão que se iniciou em 2012, vindo a ser consolidada e publicada em 2016.

Ela é considerada a pioneira em privacidade de dados e afeta todos os membros da União Europeia e países que se relacionam com ela.

Com os avanços tecnológicos e das ferramentas baseadas no Big Data, a corrida pela coleta e análise de dados começou a avançar os limites da privacidade e dignidade dos usuários. Isso porque, a partir das informações coletadas em meio digital, é possível sabre detalhes sobre o comportamento dos usuários, o que é uma ferramenta poderosa e, ao mesmo tempo, perigosa. Afinal, você sabe o que é feito com os dados que você fornece diariamente na internet?

Nesse contexto, a União Europeia estipulou normas rígidas para coleta, processamento, compartilhamento, armazenamento e demais tipos de tratamento de dados pessoais dos clientes.

Qual a relação da GDPR com a LGPD?

A publicação da GDPR iniciou um movimento mundial. Tendo em vista que todas as empresas precisaram começar a se adequar, em especial no que se refere à responsabilidade sobre a escolha de seus parceiros de negócios, a consequência natural foi um verdadeiro efeito cascata. Afinal, as multinacionais e demais empresas passaram a exigir o mesmo padrão de adequação nos países com os quais se relacionam.

Dessa maneira, influenciado e inspirado pela norma protetiva europeia, o Brasil criou uma lei específica para proteção de dados de pessoa física, a LGPD.

Nesse cenário, a norma se preocupou em fornecer instrumentos de controle para tratamento de informações de qualquer cidadão, tanto em relação a empresas privadas quanto a órgãos públicos, prevendo graves penalidades para quem não se adequar.

Embora as duas normas sejam semelhantes, existem diferenças relevantes entre elas, principalmente porque é necessário considerar diferenças culturais. Assim, a GDPR pode ser considerada mais restritiva e detalhada, enquanto a LGPD é um pouco mais genérica, deixando muitas lacunas para regulamentação posterior.

Qual é o histórico de evolução das regras da proteção de dados?

O caminho até a publicação da LGPD é mais longo do que se imagina e foi sendo trilhado de acordo com as mudanças que foram acontecendo em decorrência das constantes inovações tecnológicas. Observe, a seguir, alguns dos principais dispositivos:

  • Lei nº 12.527/2011 — Lei de Acesso à Informação, que se regula o acesso à informações sigilosas;
  • Lei nº 12.737/2012 — conhecida como Lei Carolina Dieckmann, dispondo sobre a tipificação criminal de delitos em ambiente virtual, especialmente no que se refere ao vazamento de imagens pessoais;
  • Lei nº 12.965/2014 — Marco Civil da Internet, estabelecendo princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil;
  • Lei nº 13.709/2018 — publicação da LGPD logo após a entrada em vigor da GDPR;
  • Lei nº 13.853/2019 — altera a LGPD para dispor sobre proteção de dados pessoais e criar a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados);
  • Lei 14.010/2020 — define que as sanções administrativas previstas na LGPD entrariam em vigor em agosto de 2021.

Apesar da crescente preocupação com a segurança e a publicação da Lei em 2018, muitas empresas não iniciaram seus processos de adequação, estando sujeitas às sanções previstas na norma.

Quais são os princípios que fundamental a Lei Geral de Proteção de Dados?

A LGPD se fundamenta basicamente em 11 princípios. Eles servem para nortear as ações das empresas e são a base de todos os dispositivos legais. Saiba um pouco mais sobre eles a seguir.

Boa-fé

Esse é um princípio que fundamenta quase todo o ordenamento jurídico. A partir dele, a norma vai considerar a boa-fé do empresário ao demonstrar que fez tudo o que estava ao seu alcance na intenção de proteger os titulares.

Finalidade

A pergunta-chave aqui é: para que você precisa desses dados? Toda vez que uma empresa precisa realizar o tratamento de dados, é necessário que tenha uma finalidade, um objetivo para essa operação.

Adequação

Para cada finalidade é necessário realizar um tratamento adequado de dados. Assim, o meio pelo qual você está realizando esse tratamento é muito importante.

Ou seja, a empresa deve buscar o meio mais adequado para tratar dados e somente ela poderá tratá-los.

Necessidade

Significa reunir dados que sejam realmente necessários para atingir determinada finalidade. Afinal, coletar dados em excesso geralmente é um problema em diversos aspectos.

Se adequar ao princípio da necessidade garante maior segurança, eficiência nos processos e proporciona uma experiência melhor para os clientes.

Livre acesso

Aqui, a empresa precisa garantir que os titulares tenham acesso aos seus próprios dados. Eles devem ter meios simples de descobrir quais dados a empresa armazena, se ela trata suas informações, o que faz com elas e por que motivo, por exemplo.

Qualidade

Esse princípio busca garantir que os dados estejam sempre atualizados no banco de dados. Ou seja, eles devem estar completos e fidedignos, de modo que não venham a causar prejuízos ao titular.

Transparência

A transparência é outra das palavras-chave quando o assunto é a LGPD. Afinal, a Lei veio para garantir que os titulares saibam exatamente o que está sendo feito com os dados que fornecem para as empresas.

Segurança

Esse princípio se refere a realmente manter a segurança das informações dentro da empresa ou em seus servidores. O uso de certificados digitais, de criptografia e de outros protocolos é fundamental para que os dados fiquem seguros.

Não discriminação

Os dados coletados não podem ser usados para discriminar um indivíduo. E isso é muito importante, especialmente quando falamos de inteligência artificial.

Prevenção

A LGPD é uma Lei que valoriza a boa-fé e os esforços prévios. Dessa maneira, é essencial investir em meios de prevenção, ou seja, em ações que evitem danos antes que eles ocorram.

Prestação de contas

É comum que as empresas criem processos excelentes, mas, quando solicitadas, não tenham sequer um relatório para oferecer. É fundamental documentar suas ações para que seja possível prestar contas quando necessário.

Agora que você já sabe o que é GDPR e sua influência sobre a LGPD, é fácil perceber que sua principal preocupação é manter a segurança dos dados dos titulares. E nesse contexto, o uso de um bom certificado digital é uma ferramenta valiosa para manter os dados protegidos.

Quer saber mais sobre o assunto? Então, continue aqui no blog e veja também como a LGPD funciona e de que forma ela pode impactar contadores e empresários!

Fonte: Serasa Experian

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